E aqui ia eu, lançada pelo meio de muitas gotas. O meu corpo tremia todo tanta era a velocidade com que eu descia, até achava que se estava a separar mas não. Apenas mudava de forma enquanto descia rapidamente os céus.
Embati contra uma árvore mas nem senti dor! Que estranho! Parecia que estava a descer um escorrega lentamente. Se nesse dia fosse humana, e se tivesse batido contra uma árvore a esta hora estaria a por gelo no local magoado. Mas não, estava bem, e continuava bem a descer aquela escorrega “natural” até que cheguei a um ramo pequenino e não havia mais nada para descer. Foi aí que caí, mas não sei para onde.
Sem conseguir decidir o meu caminho, cai sem mais nem menos e deixei de ser uma gota, e passei a fazer parte do rio. Deixei de ser apenas um bocado de água sozinha, pequenina e insignificante e passei a fazer parte de uma extensa e grande corrente. E o meu corpo? Misturava-se com o corpo de muitas outras gotas que foram dar ao mesmo sítio que eu. Sentia-me poderosamente grande e cheia de confiança.
Texto: Joana Marques
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